Chegamos a nossa reta final da prorrogação do Festival de Cinema do Rio de 2010 caros infernautas! Três filmes extras além das datas da programação do Festival e o Tablóide do Inferno consegue uma façanha incrível, ver e analisar muitos filmes (16 ao todo) que de outra maneira não seriam vistos ou analisados.
Para fechar esta jornada, falarei sobre o filme argentino Norberto Apenas Tarde (2010) dirigido e roteirizado pelo uruguaio Daniel Hendler em seu primeiro longa metragem. Um drama cômico leve e com alguns pontos interessantes, que porém sofre de um dos males de Embargo (também já revisto pelo Tablóide), as motivações do personagem principal não convencem e somado com as situações e a própria interpretação do personagem principal, acabam depreciando violentamente o resultado final.
Norberto (Fernando Amaral) é um cara que está passando por uma fase um pouco inconstante, acabou de largar o emprego a revelia da esposa (a sinopse fala que ele foi demitido, eu sinceramente não vi a citação no filme, mas isso não faz diferença) e decide se aventurar no ramo imobiliário. Agora, não sei se Norberto é muito trouxa para fazer algo assim, pois ele sofre de uma inibição aguda e não consegue se dar bem ao alugar um mísero apartamento, afinal agora ele trabalha por comissão e precisa fechar seu primeiro negócio para levar um dinheiro.
E para tirar um pouco da inibição, ele acha uma boa ideia entrar em uma oficina de teatro, mas as dificuldades financeiras, o gelo que está levando (com razão) da mulher e outros eventos desafortunados fazem Norberto se enrolar cada vez mais. Será que o pacato homem vai encontrar uma saída de vez, ou irá romper com o seu mundo da forma como ele o conhece?
Vejam bem, o roteiro começa muito interessante, poderia ser uma história do homem que faz as escolhas erradas e briga por elas até que se tornem certas, mas não funciona bem assim. A insistência em desconstruir Norberto sem nenhum motivo aparente soa altamente artificial. Vejam bem, vocês aí que tem um emprego estável com salário e tudo o mais, pediriam demissão (ou mesmo sendo demitidos) para entrar num ramo altamente competitivo que requer algumas habilidades que ainda não desenvolveram SEM SABER NADA SOBRE ELE?
Este é só um exemplo, Norberto entra para o ramo imobiliário sem sequer perguntar quando é que ele leva algum dinheiro, isso é surreal. Outras passagens também são igualmente estranhas, e o fato de que o personagem principal não exprime emoções mesmo passando pela vala é de se ter duas interpretações: 1) Ou Norberto é um cara frio o suficiente para nunca, jamais, se irritar com sua vida e as péssimas escolhas que fez, buscando uma saída, ou; 2) Seu interprete é ruim mesmo.
Poucas coisas interessantes acontecem no decorrer do filme, que flui lento e as partes cômicas não tem muita graça, no todo não me identifiquei com o drama de Norberto, o que para um filme assim é um pecado capital. Pelo menos, ao contrário dos dois filmes anteriores (O Pecado de Hadewijch e A Mulher Sem Piano) eu não senti fazendo uma força irresistível para não dormir, portanto já é alguma coisa.

Trailer: