Pois é, a edição de 2010 do Festival do Rio acabou, porém o Espaço de Cinema Botafogo ainda está promovendo uma excelente colher de chá pra quem não conseguiu assistir a algumas das películas internacionais e menos populares do festival. A mostra que vai até quinta-feira próxima é o chamado "Última Chance" e para não ficar pra trás, vou completar um pouco mais meu álbum de figurinhas e ver ainda mais produções do Festival, analisando aqui para os queridos leitores do Tablóide do Inferno.
A sessão de hoje foi a de A Mulher Sem Piano (La Mujer sin Piano, 2009), elogiada produção espanhola e francesa dirigido por Javier Rebollo e vi um filme tão tedioso e lento quanto o já comentado Ano Bissexto, contudo extremamente mais leve e fácil de digerir. Uma coisa eu posso dizer desde já: A história é sobre uma mulher, e ela não tem um piano... hahahaha....
O roteiro gira em torno de Rosa (Carmen Machi), uma esteticista de meia idade que vez ou outra escuta um zumbido ensurdecedor e é casada com o pacato taxista Francisco (Pep Ricart). Ela morre aos poucos com o tédio e a menopausa, típica dona de casa insatisfeita sem reclamar. Até que uma noite ela decide largar tudo e buscar algo diferente e enquanto o marido dorme, ela coloca uma peruca (por aparentemente não gostar do cabelo) e sai com uma mala pelas ruas da Espanha para fugir da rotina e buscar algo que lhe complete.
Vai até uma rodoviária onde conhece Rdek (Jan Budar) um polonês com aparentes problemas mentais que está querendo pegar um ônibus de volta para sua terra na Polônia. Mesmo sem falar muito, Rosa ganha afeição pelo rapaz e sai com ele para a noite e descobre que eles tem muito mais em comum do que as aparências.
Sentimentos mistos me acompanharam em A Mulher sem Piano, além do sono, claro. Nada parece fazer sentido no roteiro e diálogos e é assim, criando ordem a partir do caos, que Rebollo consegue contar uma história simples e eficiente, ponto forte da projeção. Contudo o filme é tão arrastado e vagaroso que a vontade de dormir chega rápido, definitivamente eu não nasci pra ver "filme de festival".
Alguns momentos ganham vida e diversão pelos absurdos e o polaco Rdek são de rir, contudo tudo é tão sutil que perde personalidade, entre drama, romance e comédia a narrativa não se estabiliza e fica flutuando entre gêneros e não se define em nenhum. Em algumas produções funciona, mas aqui o conceito quase fada a produção ao fracasso.
Enfim, minimalista como ele só, só posso colocar adjetivos no diminutivo para analisar a produção: bonzinho, bem-feitinho, bonitinho, mas em todos os aspectos fraquinho.

Trailer: