O Festival do Rio terminou no dia 07 de Outubro, porém por causa do Show do Rush em São Paulo no dia seguinte não pude assistir a uma saideira, contudo posso avaliar mais que positivamente minha primeira participação em um Festival. Assisti ao todo 15 filmes em uma janela de 10 dias, todos eles analisados aqui no Tablóide a exceção de dois, que por serem do gênero fantástico e precisarem de uma análise mais profunda e detalhada, serão publicados em breve no Boca do Inferno.
Aos corajosos que acompanharam os passos deste cinefilo insano, primeiramente meus sinceros cumprimentos e em segundo, vocês devem saber que eu persegui um filme em especial de tal forma que eu encarei como minha Moby Dick pessoal: Scott Pilgrin Contra o Mundo, o mais novo filme de um dos diretores contemporâneos que mais admiro, o britânico Edgar Wright (Shaun of the Dead, Chumbo Grosso).
E um dos motivos especiais para eu querer ver essa produção, além do pedigree dos responsáveis e das excelentes críticas, é que Scott Pilgrin periga não ser lançado em circuito nacional. Um fracasso inexplicavel na bilheteria dos Estados Unidos, a distribuidora nacional ficou com receio de repetir a baixa arrecadação, avalia lançar direto em DVD, o que tornaria o Festival do Rio a única chance de o público conferi-lo no cinema.
Baseado no que eu vi, ele não merece esse tratamento: Scott Pilgrin Contra o Mundo não somente merece o lançamento em circuito, como merece também ser alçado aos grandes dos anos 80. Por que os anos 80? Você pode me perguntar. Respondo: Não somente na temática, a premissa simples com toques de absurdo parecem saídos de um clássico de John Hughes. Imagino que se ainda estivesse vivo, Hughes provavelmente ficaria orgulhoso.
Baseado nos quadrinhos de Bryan Lee O'Malley, a história conta as desventuras amorosas do protagonista Scott Pilgrin (Michael Cera), baixista de uma banda de garagem que busca o sucesso na cidade de Toronto, Canadá. Pilgrin divide um quarto com um amigo gay, tem uma irmã que adora meter a colher em sua vida e é extremamente afetado pelos relacionamentos passados e presentes. O mais recente e atual com Knives Chau (Ellen Wong), uma inocente colegial das cercanias.
A vida monótona de Pilgrin está prestes a ser chacoalhada quando conhece uma misteriosa garota americana de nome Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead) pela qual se apaixona imediatamente. Após algum sufoco seu amor é correspondido, porém para ficar com a garota, Scott deverá derrotar a liga dos ex-namorados malvados de Ramona que juntaram forças para destruir Scott e controlar a vida amorosa da garota.
Simples e direto, Wright usa a metodologia de filmagem já consagrada de seus filmes anteriores (cortes rápidos, zoom frenético, linhas de diálogo curtas, tiradas velozes) e dá todo um clima videomaníaco para construir um visual inovador e extremamente divertido. É como entrar em um game: Dos letreiros de Vs. em cada batalha contra um ex, ao fato de eles quando derrotados explodirem em moedas.
O diretor também sabe como não deixar o filme morrer de tédio (embora dê uma pequena queda na interseção do segundo para o terceiro ato), sempre há uma coisa a se ver, uma piada pipocando ou uma referência a quadrinhos ou aos jogos eletrônicos. As gargalhadas resultantes são consequências de um espetacular trabalho que mescla um material original de qualidade, com uma adaptação respeitosa e apaixonada. 
Se posso apontar duas falhas, a primeira é Michael Cera como o protagonista, não sei se nos quadrinhos Scott Pilgrim é retratado como um semi-fracassado, mas os trejeitos de Cera fazem com que ele fique um pouco além do suportável na escala de fracasso. E o segundo, mais uma observação do que um defeito propriamente dito, é que os Sete exes são muito pouco desenvolvidos. Gostaria de saber mais sobre eles, pois são todos com tamanho potêncial de história, alguns deles inclusive mais interessantes que o próprio Pilgrim.
Salvo conduto, não é nada que atrapalhe. E se você tem uma pontinha nerd deveria assistir. Não somente por isso os Geeks do mundo deveriam ver pelas referências aos games ou coisa assim, contudo para ver em forma de caricatura, mas explicito, na tela do cinema os problemas que esses pequenos, mas importantes, cidadãos sofrem nas mãos das garotas. Sim meus amigos, nerds do mundo exterior, esta é sua vida! Subestimados, largados aos relento e desinteressantes a primeira vista, para cada garota legal disponível tem sete manés metidos a populares para enfrentar. Mais do que uma produção descompromissada, é um épico nerd e manifesto além do que os olhos por trás dos óculos grossos podem ver, hahahaha.
Estimulante, engraçadíssimo e com uma pitada de nostalgia old-school. Se injustamente a qualidade não se revelou em forma de bilheteria, o tempo cuidará de revelar o valor e o potencial cult de Scott Pilgrim Contra o Mundo. Não é simplesmente uma produção para ser assistida, mas para ser cultuada, como os filmes de John Hughes antes dele. Amém.

Trailer:

1 gritos:

pseudo-autor disse...

Só espero que não siga a linha Superbad ou Nick e Norah: uma noite de amor e música. Ando enjoado de mesmice!

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