Primeiramente eu já desisti de tentar assistir a Scott Pilgrin contra o Mundo, foi a segunda vez que fui em um dos cinemas do festival com esperança de assistir a uma produção que talvez jamais ganhe a luz do dia no grande circuito e pela segunda vez bati a porta na cara e tive de ver outro filme.
Na primeira, tudo bem, falhei em ver a reprogramação e realmente constava no site que o filme tinha sido trocado, nesta segunda não teve aviso, fui saber na boca do caixa. Mas como todo cinema é bom cinema, aproveitei o embalo e fui conferir A Woman, A Gun and a Noodle Shop (San Qiang Pai An Jing Qi), filme chinês de 2008 dirigido por Zhang Yimou (O Clã das Adagas Voadoras), remake de Gosto de Sangue dos Irmãos Cohen. Não vi o original de 1984, mas falando desta versão oriental, posso afirmar que é meio faroeste, meio dramalhão e que eu tive a infelicidade de assistir a noite depois de um dia intenso de trabalho, pois o ritmo do filme e tão lento que tive de fazer mais esforco pra não dormir na poltrona do que acompanhando a trama.
O roteiro é simples e sem surpresas: Há muito tempo na China um vendedor persa aparece em um restaurante especializado em macarrão e a mulher do dono compra uma arma de três tiros dele (está ai a explicação do titulo do filme). Ela espera num futuro próximo, se livrar da tirania do marido.
O marido rico que literalmente comprou a esposa a culpa por nunca ter lhe dado um filho e a humilha sempre que pode. A mulher cansada de sofrer, busca refugio nos braços do carinhoso e covarde cozinheiro do restaurante.
Um policial corrupto das proximidades descobre o affair e conta o caso para levar uma graninha do marido ciumento. Ele então tem a ideia de levar isso as últimas consequências: oferece uma grande quantia de dinheiro para que ele mate o casal e esconda os corpos. Mas o plano não sai como o esperado, pois o policial tem outras intenções... E a história se desenrola com a ganância dos funcionários do restaurante e do policial e a semi-tragédia grega do triângulo amoroso.
Vamos aos fatos, a cinematografia da produção é primorosa, as paisagens e o figurino enchem os olhos e o diretor sabe como explorar os ângulos de câmeras e as habilidades de kung-fu do elenco no começo do filme, porém o grande problema é que ele não se decide em qual gênero deve ser classificado: Western (pela ambientação), drama (pelas histórias do protagonistas) ou comédia (pelos diálogos, figurinos e situações).
Se a produção começa leve e descompromissada, com muitas passagens divertidas (que arrancaram risadas francas da platéia), logo o clima pesa e as coisas aparentam ser mais sérias, só que não obstante a virada, o diretor gosta de ficar indo e voltando do dramalhão para a comédia e não se decidindo em que ponto ficar, inclusive quando o assunto e o enterro prematuro de um personagem baleado, poderia ser muito cômico, poderia ser muito trágico, mas ao optar pelos dois ao mesmo tempo, não funciona direito.
Dou um exemplo recorrente, vários personagens estão sofrendo por suas decisões e por algum motivo qualquer decidem fugir, o diretor insiste em fazer com que eles tropecem para dar um efeito pastelão não apropriado a ocasião.
E como disse la em cima, a história sem surpresas conduzida de maneira lenta e praticamente sem trilha sonora é o remédio dos deuses para a insônia. Não é ruim em absoluto e tem partes bastante divertidas, contudo requer muita forca de vontade de ficar acordado para ver um filme cuja historia não se desenvolve com empolgação com muitas situações se repetindo incessantemente no desenrolar da película. Estejam preparados.

Trailer: