"Isso aqui no Brasil? Vai sonhando cara-pálida"

Por estes dias eu me lembrei de um episódio dos Simpsons onde um velho gatuno engana toda Springfield para escapar da cadeia. Ele atrai os gananciosos habitantes da cidade para um ponto falso aonde estaria um tesouro enterrado. Depois de horas cavando um buraco enorme e profundo, alguém pergunta: "Como vamos sair daqui?". A resposta de pronto, bem na ironia simpsoniana é, "vamos cavar mais".
Este hilário diálogo aconteceu de maneira não tão divertida esta semana com a distribuidora Playarte ao lançar Halloween - O Início, reboot da franquia popular criada por John Carpenter pelas mãos do rockeiro/diretor aspirante Rob Zombie. O primeiro buraco da Playarte foi atrasar em quase dois anos a estréia da continuação no Brasil, o segundo golpe (ainda mais pesado), foi mutilar a versão de cinema do filme em mais de 20 minutos para ter uma classificação mais branda (de 18 para 14 anos).
Apesar de não ser uma novidade - já que o internauta mais antenado deve estar careca de saber graças a projeção da Internet e os inúmeros blogs e sites de notícias que divulgaram o ocorrido - não poderia deixar de registrar minha opinião ante a esta autofagia causada pela ditadura do capital fácil.
Não está aqui em questão a qualidade questionável da obra, nem a legalidade de se realizar esta afronta ao público, mas sim o quesito moral e ético ante aos fãs do gênero que esperaram impacientemente por este filme simplesmente tirando toda a narrativa e a violência que tornam Halloween de Rob Zombie aceitável para se assistir.
Enquanto os gringos tem a disposição três versões para a produção disponível (a workprint, a de cinema e a verão do diretor), o brasileiro fica chupando o dedo com um amontoado de cenas que somam 83 minutos. Uma vergonha vinda de uma empresa dita respeitável que deveria fazer sua parte para a diminuição da pirataria já relatada em inúmeros editoriais deste Tablóide.
O que fica para eu tentar entender é o que será que a Playarte ganhou? Duas dúzias a mais de adolescentes na sala de cinema em troca da mancha na reputação e milhares de downloads e DVD's piratas vendidos com a versão integral da dita produção. Espero que a empresa reveja sua "estratégia" de lançamento quando for lançar H2, caso contrário estará colocando a última pá de cal num mercado já enfraquecido pela ilegalidade e pelo descaso das distribuidoras.
Não deixem barato, manifestem sua indignação no "fale sozinho" da Playarte: http://www.playarte.com.br/Fale/

1 gritos:

Eduardo disse...

Já deixei registrada minha indignação no site da Playarte. Simplesmente ridícula esta atitude! Independente da qualidade do novo Halloween, censurar dessa forma arbitrária é inaceitável.Eu até iria conferir o filme na telona, mesmo já imaginando que não seria grande coisa, mas depois disso desisti completamente.