Nota do Editor: Fazendo parte do projeto que colocará mais material próprio no Tablóide, no "Tablóide Analisa" estarei fazendo críticas e comentários de filmes, seriados, quadrinhos ou qualquer coisa que mereça. Enjoy!!

Uma das coisas que Bruce Dickinson disse durante o Show do Iron Maiden em São Paulo no último dia 15 de Março (se minha percepção de inglês fuleira não foi afetada) foi que aquele Show seria destaque na história das turnês da banda no documentário "Flight 666".
Bem, é indubitavel que o sr. Dickinson é muito carismático e tem um apreço muito grande com os brasileiros, porém esta declaração possui uma meia-verdade: Realmente São Paulo tem grande participação no documentário, mas não foi o show de Interlagos que levou o destaque, foi o Show de 2 de Março de 2008 no Palestra Itália.
Mas uma coisa de cada vez para os não "Ironmaníacos": Iron Maiden - Flight 666, é um documentário feito durante a "primeira perna" da turnê Back Somewere in Time nos meses de Fevereiro e Março de 2008, que representou uma ousada logística por parte da banda e dos promoters, pois em uma atitude inédita, toda a equipe e equipamentos foram transportados com um Boeing 757 o que permitiu que o Iron tocasse em mais lugares em menos tempo com um custo menor. A grande sacada é que o vocalista Bruce Dickinson se tornou o piloto do avião (sim, Bruce tem brevê).
Dos preparativos, da logística aos Shows propriamente ditos, tudo é abrangido nas duas horas de projeção. Músicas apresentadas ao redor do mundo em quase sua totalidade não deixam o clima "quadradão" de documentário tomar muito tempo.
A irreverência toma o tom do filme leve e engraçadíssimo e é eficiente em tratar os integrantes, os roadies e os managers como uma família, ficando neste o maior mérito. A banda também desata em elogios a uma pessoa que eu sempre achei pouco reconhecida pelo público: Rod Smallwood, co-manager e peça fundamental, tal como Brian Epstein foi para os Beatles.
Outra grande qualidade da produção é humanizar um pouco mais os integrantes, mais até do que "The Early Days", o documentário anterior da banda. O conflito de interesses entre ser uma "entidade sobrenatural" do rock maior do que a vida e ser simples artistas é colocado em pauta até com uma certa decepção dos integrantes que nas entrelinhas revelam que ganhar dinheiro é muito bom, mas aquela vontade de ser uma pessoa comum que pode circular nas ruas e tomar uma cerveja no bar da esquina sem ser notado faz grande falta.
Os próprios integrantes se desmistificam e consideram algumas atitudes de fãs exageradas, especialmente dos que consideram o Iron Maiden uma religião: "somos só músicos, cara" - diz um deles.
A maioria dos exageros, cabe dizer, vem do sul da fronteira. Na Costa Rica, pessoas largando o emprego para ir ao show; Na Colômbia, acampamentos de mais de uma semana enfrentando a hostilidade da polícia; Na Argentina, os integrantes ficam praticamente sitiados dentro do hotel e no Brasil... Bem, é aonde o "Iron Maiden" sobe aos céus, pois é aonde existe literalmente a religião. Interessante, aliás, é a banda admitir que foi sua apresentação no Rock in Rio em 1985 que a fez estourar na América Latina.
Além do que já foi citado, o destaque no Brasil também fica para a música "Heaven can Wait" gravada no show do Palestra e em flashs da passagem da banda em Curitiba e Porto Alegre.
Filmado em alta definição com som 5.1, o documentário teve sua premiere brasileira durante a última passagem da banda pelo Rio de Janeiro (o que, por motivos óbvios o documentário não pode abranger o show de Interlagos) e ganhou um circuito limitadíssimo para os fãs poderem assistir nos cinemas. E convenhamos, é muito mais legal.
Enfim, um filme muito bacana, repleto de informações e curiosidades para quem é fã recente ou velho de uma das mais exponenciais bandas de heavy metal de todos os tempos. E se o objetivo das duas horas de documentário é mostrar uma relação de múltiplas trocas entre público e banda, descobrimos que enquanto eles continuarem na ativa, seus fãs os seguirão fielmente. "Up the Irons!"

1 gritos:

Renato Rosatti disse...

Consegui ver o documentário no cinema (por sorte foi exibido duas vezes num Shopping perto de casa) e achei um trabalho excepcional. Recheado de entrevistas e depoimentos muito interessantes sobre os bastidores da banda e shows.