Na entrevista realizada pela Folha on-Line na figura da jornalista Deise de Oliveira e publicada neste sábado, o diretor Bruno Barreto no festival de Miami deu declarações ácidas, porém muito pertinentes sobre o mercado de cinema brasileiro:

"O Brasil produz demais para o mercado [de exibição] que tem. Não precisamos de mais filmes, mas de mais salas", diz o cineasta. Ele citou que há mais de 30 anos, quando do lançamento de um dos seus maiores sucessos, "Dona Flor e seus Dois Maridos", eram 3.000 salas e que hoje são 2.000, e com menos assentos.

"A proporção produção e exibição está errada. Está na hora de parar de dar incentivo para produção e passar para a exibição. O que o governo Lula está esperando para fazer as salas populares? Precisamos de salas que cobram R$ 8 o bilhete do filme, e não R$ 24. A pirataria é demanda reprimida. Há pesquisas que comprovam que o as pessoas preferem as experiências coletivas", disse Barreto.

O diretor também seu pitaco sobre o mercado estadunidense:

"O mercado de filmes de língua estrangeira é muito complicado. O mundo inteiro quer ver filme local e americano. O único cinema internacional é o americano. São raras as exceções", afirma. "O mercado americano funciona para a imagem de uma produção, mas não é palpável".

Concordo com Barreto em gênero número e grau, porém faltou dizer a principal falha do Brasil no mercado de cinema é falta de pluraridade (que é bem característica do povo brasileiro, aliás) na escolha dos projetos financiados com verba federal através das leis de incentivo a cultura, consequentemente nosso próprio dinheiro. Num mercado saturado pela Globo Filmes, com filmes de miséria, adaptações de Machado de Assis, falsos filmes infantis com a Xuxa e Didi e comédias românticas, deveria haver espaço para ação, horror, animação, dramas contundentes e sci-fi. Não é falta de talento, não é falta de capacidade técnica ou de bons atores, é falta de INTERESSE. E você, o que acha?

PS: Esta é a postagem nº 666 do Tablóide: \m/